Acho que eu era uma criança estranha. Lembro-me de um dia q saí de bicicleta. Aquela bicicletinha cor-de-rosa com um cestinho branco na frente. Fui até um terreno onde tinha flores amarelas e colhi umas quantas e coloquei-as no cestinho da bicicleta. Então, eu parei em uma calçada perto de casa, e entregava uma flor para todo mundo que passava, mesmo não conhecendo ninguém. Eu lembro que algumas mulheres sorriam. Talvez fosse isso que eu queria, ver um sorriso no rosto das pessoas. E eu apenas sorria de volta. Mesmo que elas achassem estranha essa atitude, ainda mais vinda de uma menininha de seis anos. Mas eu fico pensando no porque de tantos anos depois a lembrança desse dia continuar tão viva em minha memória. Talvez está querendo dizer que essa menininha estranha ainda sou eu, apenas crescida. Mas ainda cheia de sonhos, com vontade de mudar o mundo. Eu sei que aquelas flores que distribuí não mudaram o mundo, mas eu lembro o quanto me senti importante por isso.
choramos no carnaval
não vemos graça nas gracinhas da tv
morremos de rir no horário eleitoral
sábado, 13 de novembro de 2010
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Tem lugar pra mim?
Tudo aquilo que eu quero falar pra você. Tudo o que faz parte do que te torna grande. Toda a tua calma e todo brilho dos teus olhos. Todo pensamento meu que te alcança. Todos os sorrisos que tu colocas em teu rosto. Toda a paz que me dá. Toda a graça quando tudo está sem graça. Toda vez que trocas a musica. Todas as músicas que me lembram você. Toda chuva calma. Toda calmaria. Todas as letras do teu nome em minha testa. Toda vergonha em cada silêncio. Todo meio-abraço. Todas as vontades. Todos os segredos. Toda a beleza, todo sentimento em cada respiração. Tudo aquilo que eu quero falar pra você. Tudo aquilo que ainda não falei. Subentendido.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
paraíso virtual.
sábado, 30 de outubro de 2010
sexta...
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Tempo.
É confuso ver como o tempo passa, mas certas coisas não passam. Ficam ali, paradas como um coração que já não bate mais. O tempo é mesmo indecifrável e não há dicionário capaz de dizer o que ele é.
Têm outras coisas que passam rápido demais, como uma brisa de verão, que sentimos tocar nossa pele, e logo não está mais ali. Às vezes sentimos falta, e outras vezes não nos dá nem tempo de sentir o prazer de sua presença, e se vão.
Mas as coisas que ficam são as marcas do tempo. Uma pessoa, um lugar, uma palavra, um olhar sincero, uma despedida, um beijo, um abraço inesperado, uma noite, um passeio, às vezes até uma dor, uma perda ou uma saudade. São coisas que marcam. Marcam o coração, povoam os pensamentos, constroem histórias, marcam a pele com o passar dos anos, talvez explicando o que o tempo é.
Então o tempo é uma utopia, parece estar fora da realidade. E nós sempre queremos uma tradução perfeita para tudo. Mas para o tempo? Quem ousa defini-lo?
Só vivendo. Vendo os dias passar e a quantidade de lembranças vão escrevendo o nosso livro. Talvez um dia descobriremos o que quer dizer o tempo. Quando finalmente pegarmos o nosso livro para escrever FIM.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
.primavera.
Talvez eu precisasse que me ouvissem, embora não me importava se compreendessem. Palavras em preto e branco que ninguém lia. Restavam dúvidas e sobrava saudade. Como aquelas noites quentes de verão, onde todo mundo sai tomar sorvete. Você fica apenas olhando, e sente frio. Porque é diferente. E ser diferente não nos torna adaptáveis. Então debruço-me na janela e fico a olhar os carros passando na rua de baixo. Gente e música. Música que eu não compreendo. Que não chega a tocar minha alma, tão sensível e ao mesmo tempo tão faminta. Então recolho-me e tento alguns acordes no violão. Aí eu sinto. Sinto cada um deles tocando a minha alma, embora não me digam nada e não componham melodia alguma. Mas aquela fome de arte e ilusão vai sendo saciada. E o que eu não encontrei lá fora, acabo encontrando dentro de mim mesma. E passa o frio. E parece que sinto o verão chegar junto com uma canção suave. Verão com ar de primavera. Alguém entendeu? Não importa.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
O vale infinito.
Foi quando os olhos tocaram o horizonte que o infinito do mundo pareceu sorrir pra gente. Era uma multidão de pessoas floresta. Pessoas sim. Árvores sentem, e pareciam brincar com o vento. Então eu as chamei de pessoas. Talvez não devesse, porque chego a pensar que as árvores são mais nobres. Mas o que importa é que elas estavam lá, e quanto mais nós olhávamos, mais elas cresciam. Cresciam na direção do horizonte e as perdíamos de vista. Viravam um gigante campo verde, e a gente, na beira do vale, nos transformávamos em seres pequeninos diante de tanta grandeza.
Então o sol decidiu se pôr. O tom alaranjado foi tomando conta como pinceladas ligeiras em uma tela azul-celeste. E o sol sorriu nos desejando boa noite. E a imensidão, até então verde, ficou dourada aos nossos olhos. Dourada como o ouro. E aqueles resquícios de raios de sol que tocavam o rosto dele o faziam ainda mais belo. Eu pude ver seus olhos castanhos ficarem verdes, como as árvores. Então eu percebi que era o infinito a coisa mais linda que eu já vi, e nesse momento, o infinito estava na minha frente, no dourado do sol, no verde do vale, e no colorido dos olhos dele.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
A menina e a chuva
Ela gostava dos raios e dos trovões e gostava da cor acinzentada que preenchia o céu antes da chuva. Na verdade, ela olhava para o cinza claro do céu e lembrava dos olhos de um garoto. O garoto não gostava da menina, mas a menina gostava do garoto, assim como gostava da chuva.
Um dia a menina pulava nas poças de água beirando a calçada, quando viu o garoto dos olhos da cor de céu chuvoso. O garoto andava em passos calados, segurando um guarda chuva azul escuro. Seus cabelos louros estavam molhados e ele olhou para a menina.
A menina sorriu para as gotas que caíam do céu, e sorriu para o garoto. Ele não entendeu o que aquela menina fazia na chuva e não quis devolver-lhe um sorriso. -Eu não gosto de chuva, e não gosto de você! Disse-lhe, e apressou o passo, escondendo o rosto do vento.
A menina ficou olhando ele partir e a chuva continuava caindo. As gotas de lágrimas rolavam de seu rosto e misturavam-se com as poças de água da chuva.
A garota nunca mais gostou de chuva. Mas nos dias em que chovia ela olhava para as poças de água e via refletidos nelas os olhos acinzentados do garoto.