choramos no carnaval
não vemos graça nas gracinhas da tv
morremos de rir no horário eleitoral
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Quando nada posso.
Olhos tão negros, tão limpos, tão fundos como o fundo de um poço em meio ao deserto. Teus olhos que escondiam de mim tanto sentimento, escondiam-se do mundo, sorriam sozinhos, sem a boca, sem o riso, com um brilho estonteante de uma lua cheia.
Teus olhos que visitavam minha porta, minhas roupas, minhas botas empoeiradas. Visitavam o meu sorriso, meu rosto, meus gestos. Mas quando encontravam os meus olhos – entravam - bagunçavam a alma inteira e paralisavam-me como o veneno de uma serpente.
Depois de tanto tempo, lembro-me daquelas noites, como se fosse ontem. Vejo a tua pele tão branca, tão fosca, na fotografia marcando a página em que parei de ler o livro dias atrás. E não continuei. A lua crescente e a luz azulada que eu via em torno de você, o lago negro, turvo, o abismo dos olhos teus. Onde andarás tu? Em qual rua, em que fuso horário? Serão teus olhos ainda tão negros, ainda tão doces, ainda tão desconcertantes? Será teu coração aquele que ainda bate tão forte, tão insistente, tão cheio de uma deliciosa e manipuladora paz?
Hoje eu só saí a noite para colocar os pés na rua, erguer o rosto para a garoa fina, me esconder das estrelas embaixo das nuvens de incertezas, e ver você dobrando a esquina, com os olhos da cor da noite, me pedindo se ainda está tudo bem. E deixe que todos falem, que todos nos apontem e chamem-nos de loucos. Mas não estaremos aqui, não estaremos vendo o pó da calçada nem ouviremos o barulho dos carros. Eu estarei em você e você em mim.
sábado, 30 de abril de 2011
Outonos atrás.
Eu ainda sinto um pouquinho do perfume seu quando passo por aquelas ruas.
Lembro-me que você sacudia as árvores molhadas pela chuva e achava graça da minha cara furiosa e respingada. Sorríamos juntos e eu te abraçava, e nem mesmo o frio de fim de outono nos impedia de caminhar alguns quarteirões até o cinema.
Eu sorrio quietinha quando sinto o cheiro de pipoca de manteiga, quando lembro das nossas tardes de domingo, dos planos malucos que fazíamos e de todas as vezes que você derramava chocolate quente na camiseta.
Hoje eu só queria aquele abraço apertado, aquele beijo quente, nossas bochechas geladas, as covinhas do teu sorriso e o frio de alguns anos atrás.
Eu sempre te amei, mesmo durante o verão. Amei-te mesmo na distância e no silêncio daquelas tardes vazias. Perdoa-me por não te prender, não te fixar... Mas saiba que em todos os outonos, em todos os passos do meu caminho, em todas as trocas de folhas daqueles plátanos da pracinha, eu me lembro de você...
"Como as folhas secas pelo chão nas frias tardes de outono, veio o vento e te levou..."
domingo, 24 de abril de 2011
Posso sentar e esperar as coisas melhorarem, posso deixar tudo para trás, posso simplesmente fechar os olhos e fingir que está tudo bem, que está tudo certo, que ninguém errou e que as lágrimas em seu rosto nunca existiram. Posso colocar a culpa em mim e viver uma vida inteira carregando um peso imaginário nas costas, mentindo para o mundo que a culpada fui eu. E a vítima, a vítima sempre será você.
Deixe que corram os dias, os anos, as existências. Eu não me importo em parecer uma patética impulsiva que mete os pés pelas mãos de vez em quando. Mas eu carrego a fictícia culpa com uma leveza impressionante. Porque ela simplesmente não existe, é só para te ajudar, te tirar da reta e não limpar a doçura dos teus olhos tão depressa.
Afinal, eu nunca gostei de ser a vítima. Vítimas são tão insuficientes. Tão merecedoras de compaixão alheia por algo que alguém fez com elas e não por algo que elas fizeram para o mundo, digno de aplausos.
Por isso continua o meu sorriso, o meu abraço apertado, as minhas piadinhas sem graça no meio do silêncio de uma aula chata. Porque eu continuo, porque eu sou, porque eu fiz e porque eu tentei. Eu não preciso de uma música ou de um perdão. Porque eu me perdôo todos os dias. E afinal de contas, eu preciso mais de mim do que de você.
quarta-feira, 23 de março de 2011
Amor à minha maneira.
O amor não é uma máscara, um jogo ou uma oportunidade. Ou você ama, ou ama. Não existe meio amor.
Amor não precisa de reciprocidade. Amor não diminui, mas cresce, eleva-se, às vezes até brinca... Mas sempre, sempre te faz sorrir.
O amor não machuca, não fere, não desestabiliza, não impõe limites, não prende e não vive em gaiola alguma. Não se faz prisioneiro porque é solto, é livre. É a paz de um pôr do sol.
Não é ciumento nem possessivo, não fala alto, não calunia e não te faz chorar.
O amor verdadeiro é suave como o canto dos anjos. Não tem pressa, não faz planos, não toma nada para si.
O amor é belo e esquisito, eu diria que é raro. E raras são as pessoas que conseguem reconhecê-lo.
Amor não é paixão, não é necessidade. E quando ele chega você sente, você sabe, porque ele aquece, ele derruba estruturas com a suavidade de uma brisa.
O amor é harmonia. É a doçura de um olhar, a calma de um sorriso, a paz de um abraço.
O amor apenas é.
quarta-feira, 16 de março de 2011
Cai a noite e caem as máscaras. Cai tudo aquilo que o dia escondeu. A primeira estrela no céu como o primeiro pensamento que, durante o dia, ficou afogado nos livros de matemática.
A noite surge depressa para que a pressa acabe, para que o coração amoleça, para acordar todo poeta que dormia.
Como pode a noite me lembrar você?
Olha aquilo lá no céu, não sei se é um cometa ou um meteoro. Você saberia me dizer.
-Ei garota, você não estudou astronomia?
-Não! Fiquei pensando em você! (O tempo todo)
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Foi um prazer!
Em meio a tanta gente me encontraste. Quão grata fico eu por teres me conhecido. Foi um prazer amar-te e agora acho graça em te ver partir, levando uma mala cheia de lembranças, calejando-lhe as mãos, por ser pesada a bagagem de desejos de permanecer aqui.
Lá vai você onde o sol desponta, pela estrada de pedra crua, sem perceber as gramíneas que crescem entre elas, como cresciam meus sentimentos por entre os devaneios mais torpes.
Sem olhar para trás, tu vais. Sem olhar para lugar algum, segurando meu retrato pálido e rasgado, colado tantas vezes quanto o ódio engasgara tuas palavras.
Agora, de todos os passos que destes, só o que resta é um pobre amor. Amor que não saíra dos planos, não saíra do chão, pobre amor. Nestas noites de embriaguez perturba-nos os sonhos, e em meio ás lágrimas que derramastes durante o dia, à noite, porém, esboças um sorriso no canto dos lábios vazios.
E ao lembrar-me de ti, ainda sou grata e assim o serei. Não te digo muito obrigada, pois ninguém obrigou-se a nada. Ainda o sinto aqui.
E tu vais sumindo no horizonte dos dias. Sozinho, cansado, levando contigo todas as coisas que eu deixei.
E o prazer foi todo meu, foi todo seu!
sábado, 5 de fevereiro de 2011
sábado, 29 de janeiro de 2011
Sem beijo de despedida
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Saudade do que não foi.
Ela fala por todas as coisas que buscava e encontrava em uma só pessoa. Os dias amanheciam coloridos, com cara de férias de escola, porque ela sabia que logo ele estaria lá, explosivo, emotivo, apaixonado por tudo, brilhando à luz do sol. E todo mundo olhava, e ela sorria, e sabia o quanto ele a entorpecia com o veneno mais doce, dando-lhe a agradável sensação de estar viva. Ele a carregava pela casa e brigavam de mentirinha. Ela sempre sabia o que dizer e ele ficava surpreso, e os dois acalmavam-se no mais tenro laçar de braços. E o tempo passava doce e calmo por entre dois sorrisos. Ele não exigia o amor dela e ela não exigia o amor dele, mas o amor, porém, os abraçava todos os dias sem que precisassem pedir. Linda Gabriela. Não sabe que esse poema é para ela, sem que exista, embora real na doçura do encontro de dois corpos. Ela tem costume de ter saudade do que nunca aconteceu. E ele pensa nela todos os dias. E isso tudo foi amor.